
O cão se comunica através das expressões corporais e faciais (movimentação de cauda, orelhas, pelos, olhares, levantar de lábios,etc...) das vocalizações, dos toques físicos (com o corpo, com a boca e com as patas) e pelas suas marcas odoríferas (saliva, urina e fezes).
A inteligência do cão é associativa, ele
observa e aprende continuamente com o meio em que vive, por isso é preciso
atenção na comunicação com um cão para não transmitir algo inadequado ou que
reforce comportamentos indesejados.
Devemos estar atentos para
recompensar os comportamentos desejados, aumentando assim a sua frequência, já
que no nosso dia a dia, não nos chamam atenção.
O comportamento de um cão não é
consequência de reflexões, mas sim de suas experiências. Ele não entende o
significado das palavras, mas estabelece relações entre as nossas vocalizações,
expressões corporais e faciais, nossos gestos e da experiência vivida.
Um latido pode ter significados
diferentes dependendo da combinação de expressões corporais e da situação em
que o cão se encontra. Um cão pode rosnar por estar alegre numa brincadeira, o
que estaria acompanhado de sinais corporais relaxados, movimentos
descontraídos, como também rosnar para avisar que vai atacar, acompanhado de
tensão corporal, olhares fixos, entre outros sinais.
As vocalizações mais comuns são
os grunhidos ou choros, os rosnados, os latidos e os uivos. Abaixo podemos ver
algumas expressões faciais e corporais básicas dos cães.
Quando juntas, as vocalizações e
as expressões corporais formam uma infinidade de combinações surgindo, então, a
nossa dificuldade em interpretá-las corretamente.
É preciso aprender a distinguir
as combinações observando o contexto em que o cão está vivendo, percebendo os
estímulos causadores desses comportamentos. Os animais reagem à qualquer
mudança na sua rotina, seja por uma doença, por estresse causado por mudanças
climáticas, de ambiente, por transporte, pela ausência de algum integrante de
seu grupo de convívio (seja pessoa ou animal), pelo isolamento, etc...
Convivendo com nossos cães
podemos observar alguns sinais de comportamentos inatos e o que eles podem
significar na linguagem canina.
POSTURA DOMINANTE
Corpo alongado, cabeça
alta, orelhas eretas, olhos bem abertos com olhar fixo, intimidador, lábios
fechados ou ligeiramente abertos, acompanhado de vocalizações como grunhidos ou
rosnados, pelos eriçados, cauda alta abanando rigidamente.
O cão dominante nem
sempre é o maior ou mais agressivo, e sim o mais equilibrado, que possui
comportamentos firmes e decididos, que possui uma liderança nata.
POSTURA AGRESSIVA
O cão agressivo
geralmente dá sinais de que vai atacar caso o estímulo causador desse comportamento
não se afaste.
Corpo rígido, pelos
eriçados, orelhas para trás coladas à cabeça, olhos semicerrados com olhar
fixo, desafiador, lábios abertos com dentes expostos, rosnados graves e latidos
altos, cauda rígida, alta ou na linha do corpo.
POSTURA POSSESSIVA
O cão pode ter uma atitude
possessiva com comida, brinquedos, objeto, pessoas, outros animais ou lugares.
Evite disputar a posse de algo com um cão.
Os sinais mais comuns de
possessividade são corpo rígido, pelos eriçados, olhos bem abertos e alertas,
orelhas altas voltadas para frente, lábios um pouco abertos, mostrando os
dentes, rangendo ou dando “beliscadas” no ar tentando afastar quem quiser pegar
o que está em seu poder, cauda rígida para o alto. Rosnados e latidos altos
para impor seu poder. O cão também pode ficar de pé sobre o que está tomando
posse ou colocar uma pata sobre a posse.
POSTURA ALERTA
Corpo alto, cauda para
cima, podendo movimentar-se às vezes e lentamente, orelhas para cima como se
fossem “radares”, movimentando-se para captar os sons. Boca fechada ou
ligeiramente aberta sem mostrar os dentes. Olhos abertos, observadores.
Geralmente ficam em silêncio, mas podem emitir grunhidos baixos ou latidos
secos e encadeados como um alarme.
POSTURA DE CAÇA
Quando o instinto de caça
é ativado, o cão fica com olhar fixo na direção da presa, (que pode ser outro
animal, um brinquedo, uma comida, um objeto...), as orelhas em movimento
direcionadas para frente, os lábios meio abertos, podendo ficar ofegante, o corpo
fica tenso, abaixado, preparado para dar o “bote”. A cauda fica reta na linha
do corpo ou um pouco mais alta. Geralmente nessa postura o cão fica em silêncio
para não espantar a presa.
POSTURA SUBMISSA
Com o corpo rígido, pode
deitar ou virar de barriga para cima aceitando a dominância de outro animal. Os
olhos semicerrados sempre evitando o olhar direto, lábios fechados esticados
para frente, podem tentar lamber o rosto do outro animal ou pessoa para
demonstrar comportamento inofensivo, balançar de patas pedindo interação ou
traseira alta e frente baixa convidando para brincar. Se o cão for muito
submisso ou medroso pode liberar urina. A cauda fica para baixo, cobrindo a
genitália. Geralmente fica em silêncio mas se a submissão for acompanhada de medo
pode emitir grunhidos.
POSTURA ANSIOSA
Corpo tenso, meio
abaixado, cauda alinhada com o corpo podendo pender para baixo, orelhas
parcialmente para trás, olhos parcialmente fechados, lábios esticados como se
estivesse sorrindo. Grunhidos baixos como gemidos podem ser emitidos.
POSTURA DE CURIOSIDADE
Corpo normal, reto, sem
tensão, cauda alta geralmente em movimento, orelhas em movimento direcionadas
para frente, olhos bem abertos, boca aberta mas cobrindo os lábios, podendo
emitir latidos curtos, testando a reação oposta.
POSTURA DE MEDO
Quando um cão demonstra
medo seu corpo fica tenso, abaixado e muitas vezes tremendo e se o medo for
muito intenso pode liberar secreções, com forte odor, pelas glândulas anais. A
cauda geralmente fica abaixada, entre as patas traseiras, cobrindo os genitais.
Os lábios podem ficar fechados mas ligeiramente esticados para trás ou um pouco
abertos, esticados para trás e mostrando os dentes. As orelhas ficam abaixadas
para trás, coladas à cabeça. Os olhos podem ficar apertados, desviando o olhar,
ou bem abertos, com pupilas dilatadas. Um grunhido baixo parecendo um
“chorinho” pode ser emitido. Se o cão
sentir dor pode soltar um grunhido alto como um grito.
Obs: muitas vezes o cão
com medo também vira de barriga para cima, na tentativa de evitar o ataque ou
apenas de “pedir” que o estímulo causador do medo, se afaste. Cuidado para não
confundir esse comportamento com um convite para fazer carinho na barriga do
cão! Atenção para os outros sinais corporais e para a situação em que se
encontra o cão.
POSTURA AMIGÁVEL
Corpo na posição normal,
relaxado, movimentando-se como se estivesse dançando em sua direção. A cauda na
altura do corpo ou um pouco mais alta, movimenta-se relaxadamente,com amplitude
de um lado para outro. Os olhos ficam abertos, com olhar alerta mas não
confrontador, as orelhas ficam relaxadas, podendo estar para cima ou meio
abaixadas para trás, lábios relaxados, podendo ficar um pouco abertos.
Grunhidos ou latidos altos e curtos podem ser emitidos nessa situação.
POSTURA FELIZ , CONVIDANDO PARA BRINCAR
Com o corpo relaxado, balançando
a cauda vigorosamente, mas sem tensão, da linha do corpo para cima. Orelhas
relaxadas, olhos “arregalados”, brilhantes, boca entreaberta, arfante, pode
emitir grunhidos e latidos altos e curtos.
Nessa situação o cão pode correr,
afastando-se e voltando, girar em torno dele mesmo e dar pulos na sua frente
com a parte traseira alta e a parte dianteira abaixada.
NEOTENIA
Um comportamento muito observado
em cães domésticos é a NEOTENIA, caracterizado pela manutenção de comportamentos
infantis, durante a idade adulta, como o hábito de abocanhar durante a
brincadeira e gritar quando está com medo ou quando é “disciplinado”
fisicamente através da coleira, como se tivesse levado uma “abocanhada” de sua
mãe. Indivíduos que apresentam essas características são classificados como
“imaturos”.
Em animais, a neotenia aparece
devido a atrasos no desenvolvimento, mas, segundo pesquisas recentes no
campo da biologia evolucionária, a capacidade de aprendizado do cérebro,
aparentemente, é maior antes da maturidade se completar, havendo então mais
chances do cérebro se desenvolver em indivíduos que apresentem a neotenia,
devido ao comportamento infantil estendido.
Mesmo assim, a domesticação
produz alterações genéticas que prejudicam o desenvolvimento natural dos instintos, e
consequentemente o desenvolvimento da inteligência canina, baseado na
associação de comportamentos inatos para solução de problemas de sobrevivência.